Coronavírus e os dois lados da história
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Coronavírus e os dois lados da história. |
Tomei a decisão de não olhar os
noticiários, ou olhar muito raramente. Mas as notícias chegavam de um jeito ou
de outro.
Como não poderia ser diferente, o Brasil
deu um jeitinho de transformar uma situação já muito preocupante em mais um
momento de drama político. Não preciso citar nomes, todos nós brasileiros
já crescemos acostumados com esta mania de polarização política. Algo que
definitivamente não está ajudando.
Mas a questão é que sempre teremos dois
lados da história. O que me faz pensar que sempre existem duas
verdades.
Por exemplo, quando eu descobri que os
hospitais estavam realizando testes apenas em pacientes com sintomas muito
graves da doença, e pensei imediatamente que os noticiários então mostravam
números totalmente errados. Poderia haver um número muito maior de pessoas
infectadas, mas que não estavam contabilizadas por estarem com sintomas leves.
E isso não estava na mídia.
Ou então quando pensamos que por mais que
a quarentena para alguns possa ser um sinônimo de aulas online de Yoga, cursos
profissionalizantes e momentos de paz e leitura, para outros pode representar
falência, desemprego, fome e todas estas situações angustiantes.
Hoje escrevo isso com um nó na garganta.
A realidade mudou completamente.... estou trabalhando de casa, sem poder sair e
seguindo a famosa quarentena. O ficar em casa não tem me incomodado, mas os
dois lados da história têm contribuído muito para a minha
ansiedade.
A desigualdade sempre foi uma realidade,
e nada pode ser tão simplista a ponto de assumirmos que existe uma verdade
absoluta.
Há alguns dias, porém, assistindo o
pronunciamento da Rainha Elizabeth II me peguei pensando... Aquela senhora de
mais de 90 anos presenciou um bocado de acontecimentos, inclusive guerras. E
sim, ela está em uma situação de privilégios incontáveis, mas também de grandes
responsabilidades.
Observei com muita atenção a mensagem
dela, e como ela escolheu se posicionar diante da presença dos dois lados da
história, dizendo que dias melhores virão... Ela transmitiu compaixão, paz e
segurança.
Minha mãe estava junto e perguntou o que
ela falou – pois minha mãe não fala inglês. Não consegui explicar porque
comecei a chorar no meio da explicação.
Onde eu quero chegar com isso?
Exatamente nesta pergunta!
Diante do cenário atual, o que
vai fazer realmente a diferença é escolher como você, como ser humano, vai
se posicionar. Você pode entrar na briga defendendo uma verdade que você
acredita ser universal ou você pode entender que você está certo e o outro
também. Cada um com seus pontos, seus medos, angústias e anseios.
Mas onde você quer chegar com as suas
brigas?
Vi um vídeo de um jornalista hostilizado
na rua, e o pior... Ele não estava fazendo nada de errado, a não ser se
exercitar na rua sozinho, sem burlar as regras da quarentena. A questão ali era
outra, era o choque de realidade. Dizer que é hipocrisia do jornalista é certo?
Talvez sim, ou não, mas ficar remoendo isso não vai mudar nada.
A pessoa que hostilizou não mudou a sua
realidade ao fazer isso e muito menos a realidade do outro. E onde aquela
pessoa queria chegar com aquilo?
Como você escolhe se posicionar no meio
de todo esta crise, vai dizer muito sobre você como ser humano.
A crise vai passar, mas como você vai
fazer para passar por ela? Uma frase na internet outro dia me chamou atenção.
Existem muitas pessoas que passarão por problemas, mas também existem muitas
pessoas que podem ajudar (ou algo assim!).
Neste momento todos queremos chegar no
mesmo lugar. Então é a hora de se reinventar, de olhar para dentro e olhar para
fora, cuidar de si e do outro, porque como eu já disse, sempre existem os dois
lados da história e você está em ambas as versões, decidindo o seu papel.
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